domingo, 8 de março de 2009

Cobertura Tensionada - Morro da Urca - RJ







Em agosto de 2004 a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar (CCAPA), através de sua diretora, a arquiteta Maria Ercília Leite de Castro, convidou o engenheiro Nelson Fiedler, fundador da Fiedler Tenso Estruturas, pioneira no Brasil nesse mercado, para desenvolver um anteprojeto de Cobertura Tensionada a ser instalada no topo do Morro da Urca, Rio de Janeiro (Complexo do Pão de Açúcar - Espaço Baia de Guanabara). É claro que o convite foi aceito imediatamente. Seria um grande prazer participar de alguma maneira da história desse cartão-postal do Brasil que há 95 anos é um espaço nobre da cidade, conhecido em todo mundo.


Antes mesmo de conceber qualquer idéia, foi necessária a aprovação de um estudo preliminar por parte do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) por se tratar de uma obra em área tombada. Outras avaliações também foram realizadas com rigor pelos órgãos competentes da Prefeitura.A CCAPA pensou num espaço dedicado à realização de eventos, além de alguns pontos para venda de comida, como uma pequena praça de alimentação. Deveria ser previsto no projeto o acesso do público que transitaria rumo à Estação Três (entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar) e seu retorno, além de quiosques e mobiliário para uso do turista. Podendo haver ainda uma área para exposições temporárias e outras instalações do gênero.É claro que uma intervenção de qualquer magnitude em um dos símbolos da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil demanda muitas considerações, entre idas e vindas, foi na verdade a 15ª versão do anteprojeto o caminho escolhido e levado a cabo – a construção de uma estrutura em treliça metálica, com seção circular formada por 8 tubos de 3” e uma espiral em barra redonda maciça de 5/8”. Desde o início, Fiedler imaginou uma estrutura que se harmonizasse com o entorno e os contornos naturais do local, mesmo que sutilmente e através de alguns detalhes. No fim, a própria estrutura como um todo acabou ganhando uma silhueta totalmente integrada ao espaço.


Fabricação e transporte dos módulos


Primeiramente foram pensados 3 mastros para sustentação da cobertura, mas essa solução limitaria, no piso, o uso do espaço. Chegou-se então a solução com 3 grandes arcos transversais de sustentação. Tais arcos seriam montados, inicialmente por fora da membrana. Numa discussão que envolveu engenheiros, técnicos e o próprio cliente, chegou-se à conclusão de que seria melhor fazer a montagem do arco transversal central pelo lado de dentro, proporcionando uma espécie de urdimento que seria utilizado para colocação de iluminação, peças cenográficas e outras instalações para diversos tipos de espetáculo.Vieram então as dificuldades práticas de se trabalhar no alto de uma montanha. A Estrutura foi totalmente dividida em módulos para viabilizar o içamento para o Morro da Urca através das instalações dos bondinhos. Na tentativa de se otimizar essa e outras etapas do processo (inclusive a fabricação), determinou-se que o comprimento aproximado de 5m por módulo seria o ideal. Foram feitas 12 viagens entre Campinas e Rio, trazendo os módulos da estrtura diretamente da galvanizadora, a Bosch. A chegada da carga era sempre prevista para o final da tarde e o transporte morro acima ocorria no período noturno, quando o Pão de Açúcar está fechado à visitação. Toda a operação de içamento das peças ficou a cargo da CCAPA com a sua experiência e sua competência quase centenárias.


Implantação


No decorrer do trabalho foi ficando evidente que o canteiro de obras era pequeno para comportar o volume de material necessário e ainda possibilitar a mobilidade das peças, que tiveram que ser distribuídas de acordo com o local de preparo e instalação. A precisão e a atenção constante foram fundamentais nesse processo pois, após a montagem dos cinco ou seis módulos que compunham cada arco, sobrava pouco espaço para deslocamentos, tanto vertical quanto horizontal. Levar guindastes para o morro não era uma opção financeiramente viável. A alternativa foi instalar nove torres – a mais alta, de 15m - e mais de 24 talhas de 2 toneladas, com correntes de 20m cada. As fundações foram instaladas e fixadas em 12 pontos diretamente na rocha.


Estudos - Simulações de carregamento de vento e outras cargas
São numerosas as dificuldades envolvidas na montagem de uma estrutura monumental em condições tão especiais. Além das questões logísticas, já exemplificadas, era preciso lidar também com as intempéries. Ventos e chuvas foram os principais obstáculos a serem superados. Naturalmente, a montagem foi precedida de um exame minucioso por técnicos responsáveis (inclusive o representante da segurança do trabalho) supervisionados pelo Engenheiro Nelson Fiedler, pelo fiscal e gerente da obra, o Engenheiro Márvio Ludolf Sobrinho e também pelo Diretor da CCAPA Engenheiro G. Pellegrini. Foram consideradas todas as condições absolutamente únicas do local, as mais diversas situações especiais, manobra de içamento dos arcos e as variações que os procedimentos poderiam sofrer devido às condições climáticas.Ainda assim, foi inevitável a perda de alguns dias de trabalho em função de chuvas ou ventos de até 100km/h que poderiam colocar em risco a segurança da equipe.



A tensoestrutura do Morro da Urca levou em torno de 45 dias para ser montada. Antes disso, outros 45 dias foram gastos na preparação das peças metálicas e confecção da lona. A lona, aliás, merece um destaque. Foi a primeira vez que a Fiedler trabalhou com as lonas da marca alemã Mehler. Ela foi escolhida por ter uma superfície similar ao teflon, onde é mais difícil a aderência de partículas, maior a durabilidade e mais fácil a conservação. A Fiedler se encarregará da manutenção com vistorias semestrais.

Após sua inauguração, em setembro de 2007, a estrutura, idealizada para integrar as muitas ações da CCAPA visando comemorar os 95 anos da empresa, já abrigou em seus 900m2 diversos eventos – como os shows do Verão do Morro – 2008 e outros.



Ficha Técnica:
Contratante – CCAPA Companhia do Caminho Aéreo Pão de AçúcarDiretora Geral – Maria Ercilia Leite de CastroDiretor Técnico – Giusepe PellegriniGerente e Fiscal da Obra– Marvio Ludolf SobrinhoContratada – Fiedler EngenhariaDiretor Responsável – Nelson Buiano FiedlerCoordenador Comercial – Otto Alvim ThieleProjetista – Eng. Nelson FiedlerDesign Partner – Francisco NavarroCheck Engineer / Cálculo - Ruy M. O. Pauletti Check Engineer Partner / Cálculo - Daniel M. GuirardiCoordenador de Fabricação – Sérgio AlmeidaSupervisor da Fabrição da Membrana – Oswaldo MeloSupervisor de Montagem – André Dias LopezCo-Supervisor de Montagem – Oilson AlmeidaPrincipais Fornecedores:Membrana – Mehler / Germany – A/c Sr. Thomaz SchettyGalvanização – Bosch


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